Querida amiga Marta,de voz doce e rouca,
pediu-me que cante suas virtudes;
qualidades e graça.
Não sei se em noites de trabalho
em meio a cortes e infartos,
posso ter competência lírica
pra descrever imagem tão idílica
quanto misteriosa e obscura.
Resta, geralmente, pouca poesia
aos espíritos essencialmente operários
e ambos,eu e você, trabalhamos muito.
Hora após hora,segundo após segundo.
Consta que tal fato
embrutece a percepção.
A estética é arte de ociosos ,dizem,
a diligência não permite a contemplação.
Aliás,perdi o rumo do poema,
nesta longa e filosófica divagação.
Eu falava ,pois,de Marta,
dos olhos expressivos e dos cabelos negros
dos gestos de bailarina
que eriçam nossos pêlos
e estimulam a imaginação.
Eu falava de Marta, de modos de general,
de jeito orgulhoso e nobreza natural.
Falava de Marta, com jeito de índia,
de Marta tão jovem,solene,tão linda,
e tudo eu falava,melhor,escrevia,
pensando nas mãos ,nos dedos de pianista,
no jeito ansioso dessa carioca tão paulista
tão cheia de charme e personalidade
perdida por aqui,terra de Andrade,o esteta,
um outro Mario,paulista ,poeta.
Obs.:Depois que eu estava transcrevendo ,lembrei que fiz este poema para uma colega de plantão na Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes,no tempo que trabalhei lá ,no Pronto Socorro.
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