sábado, 19 de fevereiro de 2011

BUSCA

Procuro um poema
pra falar de tua carne
de teu suor e de teu medo.
Indago caminhos
pra chegar a tua descrição
e então representar-te com reverência,
com desejo nas veias.

Descrever-te é lembrar,
sentir o gosto dos teus seios,
o cheiro de teu pescoço.
É  cair ,mentalmente,
naquela doce loucura
que é ter-te e amar-te.

Eu procuro um poema
que fale de epidermes,
da água quente de um banho a dois,
correndo devagar,
como que para garantir
mais tempo
sobre teu corpo.

A água rivaliza com minhas carícias
e eu observo jubiloso
enquanto tu me trais com o líquido.


Estás feliz
e eu te desejo
e te desejo
mais e mais.
Te arrebato
e acorrento
aos meus lábios.
Prendo-te nas minhas mãos
e te possuo.
Suspiras
e me possuis.


Eu procuro um poema
para descrever
minha alegria
meu prazer.
Constato então
a inutilidade da missão
(Como falar
poeticamente,
do teu corpo?
Como cantar
a doçura de teus braços
e a delícia de teus lábios
sem incorrer
em injustiçadora redundância?)


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