sábado, 19 de fevereiro de 2011

TV


Essa TV  estúpida
tão morta ,tão calada,
contrasta com aquela outra,
conhecida,
tão falante ,tão nada,
que empurra por meus olhos,
atentados ,explosões,
desastres que afetam vidas de pessoas
que jamais conhecerei.


Essa TV tão boba me olhando,
antes ,durante dias ,ficou falando
sobre violência ,morte ,corrupção,
me envolvendo com tanta informação
só pra me ajudar a viver melhor,
ou pior,
não sei
nem ela sabe.
Apenas passa,
notícias,
com critérios bem estáveis.

Essa TV amoral
aí parada ,tão singela,
do programa e do jornal,
é  outro tipo de janela,
que existe pro mundo.

(Será que a paisagem é mesmo uma droga
ou o vidro da janela é que está imundo?)



A câmera vê as coisas da vida
com um olhar de um segundo
Varre todo um assunto ,toda uma região,
sem mostrar detalhes,
nenhuma definição.
Tudo rápido ,tudo caro,
tudo nervoso ,comum;
pra ser de outro modo
não há motivo nenhum.


Tanta imagem ,tanto filme
tanta mensagem ,comercial,
a comentar os modos da chuva cair 
aqui ,na esquina do temporal,

contemplando esse ser ,agora estático,
que me observa ,sem humanidade,
penso que a vida é mais complexa
do que supõe nossa vã e televisiva imagem.

A TV no canto ,a me encarar ,muda,
sem calor ,sem vida ,sem culpa.


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