sábado, 19 de fevereiro de 2011

POEMA PRA MENINA DA JANELA


Menina da janela
tão só e abandonada
que joga seus cabelos
que brinca,disfarça,
finge e inventa pretextos
pra permanecer na vitrine
como produto de vida própria
que não se vende,mas se exibe,
no desespero da idade.
Têm consciência de seu valor,
de sua raridade.
Beleza que é herança,
mistério cultivado,
desafiador mesclado
às especulações da carne.
Mistura de ser desconhecido
e familiaridade desconcertante:
fêmea que anuncia o Cio
menina que quer ser amante.
Na janela do teu quarto,tua imagem,
é massa disforme e maleável
que meus desejos de perfeição moldam
com o esforço da imaginação.
Voz que eu faço,
pele,olhos,
corpo que eu crio,
em lenta elaboração.
Já que não vejo,suponho,
modifico,à minha vontade,
vivenciando estados pigmaleônicos
tirando da realidade abstração,
buscando com esforço a paixão
nem que seja apenas na imagem.

(Janela que se propõe,
janela que deduz,
dialogam
nessa sucessão de gestos,
que no pensamento se apalpam ,
se interrogam,
sequência de sinais,
ocultos e manifestos.)

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