Tua pele negra
que desliza hoje sobre minha memória
extrai de minhas glândulas
as secreções mais generosas.
Teu olhar amendoado
dissipou carências inenarráveis
impostergáveis.
Tua forma inconfundível
confundiu minhas certezas
e arquitetou prazeres.
Teus dedos
escreveram em minhas costas
as mais ousadas cartas
os mais sagrados documentos.
Tuas unhas me marcaram
como se marca gado.
O sinal ainda está visível
no pergamninho do meu corpo.
Lembro-me que deixei,
antes de partir,
alguns trechos da minha história
registrados no teu corpo,
com a tinta de teu suor.
Também não esqueci
daquelas tardes de fúria,
de paz.
Estas linhas me são tão difíceis
quanto ao faminto
contemplar fotografias de alimento.
Não te desejo lembrança:
desejo-te e é só.
Não quero as imagens ou os poemas:
quero as sensações,
agora,
aqui comigo.
Ânsia ,rasga esta poesia e salta do papel!
Tantos erros para errar
e foi justamente este,
de procurar fazer apenas o certo,
o meu.
Tanto gozo aí, contigo
e eu aqui , a gritar poesias.
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