sábado, 19 de fevereiro de 2011

POEMA PARA CONCY



Tua pele negra
que desliza hoje sobre minha memória
extrai de minhas glândulas
as secreções  mais generosas.

Teu olhar amendoado
dissipou carências inenarráveis
impostergáveis.

Tua forma inconfundível
confundiu minhas certezas
e arquitetou prazeres.

Teus dedos
escreveram em minhas costas
as mais ousadas cartas
os mais sagrados documentos.

Tuas unhas me marcaram
como se marca gado.
O sinal ainda está visível
no pergamninho do meu corpo.

Lembro-me que deixei,
antes de partir,
alguns trechos da minha história
registrados no teu corpo,
com a tinta de teu suor.

Também não esqueci
daquelas tardes de fúria,
de paz.

Estas linhas me são tão difíceis
quanto ao faminto
contemplar fotografias de alimento.

Não te desejo lembrança:
desejo-te e é só.
Não quero as imagens ou os poemas:
quero as sensações,
agora,
aqui comigo.

Ânsia ,rasga esta poesia e salta do papel!

Tantos erros para errar
e foi justamente este,
de procurar fazer apenas o certo,
o meu.

Tanto gozo aí, contigo
e eu aqui , a gritar poesias.

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